“Gosto de cinema, ponto, vivo cheio de manias tenho uma certa pré-dislexia. Às vezes eu surto mesmo, mudo de assunto, sumo e não assumo a minha lucidez. Pareço moderno a te procurar. Caio na balada, admito, alimento meu espírito com litros de café e saio pra dançar.”
Observação pré-leitura: o X no ”moderno” é proposital e serve para não generalizar o termo original, coisa de feminitxs, ou simplesmente coisa minha.
Ouvindo a música do cérebro eletrônico fiquei refletindo…
Em tempos de pós-modernidade, ou modernidade tardia – como preferirem – dá-se muita importância ao parecer mais do que ao ser, certo?
Citamos filmes que não assistimos. Comentamos autores que não lemos e bandas que não gostamos ou conhecemos. E isso tudo porque há uma necessidade de criar e vender uma imagem interessante.
Mas o que é ser interessante, já se perguntou?
O dicionário afirma:
Interessante: (adj.) Que oferece interesse; digno de atenção: notícia interessante. Importante.
Como dá para perceber isso é uma questão altamente subjetiva.
O feminismo, por exemplo, para mim é extremamente importante. É um dos norteadores da minha vida. Faz com que eu veja as coisas de outro modo e, de acordo com elas, me posicione de modo distinto. Logo, o feminismo é interessante para mim.
Voltando à questão de ser e parecer. No filme Clube da Luta está posta a questão entre ser e parecer, com o ponto focal sendo o consumismo exacerbado. Compramos coisas que não precisamos para agradarmos quem não gostamos em uma tentativa inútil de nos sentirmos melhor, de sentirmos que parecemos interessantes.
O que ocorre é um desespero coletivo. E sim, eu e você, estamos “incluídos nessa”. Quem nunca se sentiu poser comentando aquele filme do qual só leu a resenha?
Isso me lembra de outra música “leros, leros e boleros”, do Sergio Sampaio. Nela ele diz:
Eis a última notícia: Que filme que eu vi! Ai, meus amigos modernos!
Todos nós parecemos muito modernos, estamos rodeados de modernidade e queremos mais. E isso está te fazendo feliz?
Se sim, está ok. Beleza. Mas, se for ao contrário, que tal tirar o pé do acelerador e tentar descobrir o que se é e com o que se quer parecer?
Eu propus esse desafio a mim e, olha só, aceitei. Agora te desafio. Vamos tentar?